terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

CARTA AO PRIMEIRO MINISTRO

Senhor Primeiro Ministro

Ontem, numa das suas declarações pseudo espontâneas, decidiu pedir aos portugueses que fossem "mais exigentes", "menos complacentes" e "menos piegas". Acontece que só se deve pedir isso a quem tem uma mentalidade pateta, pequena, sem pretensões. É isso que pensa de nós? Pelos vistos é! Com essa sua atitude ficamos a saber duas coisas. Primeiro que não conhece o povo que o colocou no lugar em que está. Segundo que a História de Portugal nunca terá sido disciplina do seu interesse pessoal pois as suas palavras passam a ideia de que não sabe como este país ACONTECEU. Se fossemos o povo de que o senhor fala nunca tínhamos sido INDEPENDENTES de Leão, nunca teríamos OFERECIDO ao mundo o MUNDO que hoje existe e as nossas IDENTIDADE e LÍNGUA nunca se teriam mantido durante todos estes séculos (apesar das bofetadas que de vez em quando dão nelas). E tudo isto é tanto mais importante quando somos um povo que teve a infelicidade de ter quase sempre maus governantes.
Governantes mesmo a sério podem reduzir-se praticamente a 4:
D. Dinis, que estruturou Portugal;
D. João II que o arrancou do escuro medieval para as luzes da modernidade;
O Marquês de Pombal que foi capaz de levantar o país do caos (e não me refiro só ao terramoto)
e O Prof. Oliveira Salazar que acabou com a anarquia da transição da monarquia para a República e apesar de ter enfrentado uma guerra, pôs em ordem as seculares dívidas do país.


SE ESTES HOMENS FORAM OS MANDANTES, o POVO, o tal a que chamou piegas, e que HOJE TEM A ALMA DE HÁ SÉCULOS foi o MOTOR DA ESTABILIDADE que muitos de nós conheceram. O Senhor não  porque quando a democracia chegou ainda andava de calções.
Se pretendia com essas expressões galvanizar o povo e levar-nos a fazer mais e melhor, também errou. As suas falas mansas já não convencem ninguém. HA UM ANTES E UM APÓS CAMAPANHA ELEITORAL NA SUA HISTÓRIA. E ainda não esquecemos o que foi dito antes e feito depois. Pode morder a língua à vontade ou lançar as culpas para a troika de que se tornou lacaio.
Repare que, APESAR DA SITUAÇÃO,  O POVO PORTUGUÊS TEM-SE MANTIDO EM PAZ. E olhe que razões não faltam para nos revoltarmos. Temos enfrentado o touro pelos cornos que nos puseram e que não pedimos a ninguém. E o pior disto é que não somos nós os causadores da situação. ELA FOI CRIADA QUANDO ALGUNS DOS QUE NOS TÊM GOVERNADO DESDE ABRIL DE  74 NOS ENCHERAM OS OUVIDOS COM A MARAVILHAS DA UE , nos meteram lá alegando os milhões que isso nos iriam trazer. E para exemplificarem as benesses foram construindo ESTÁDIOS, AUTO-ESTRADAS, DISTRIBUINDO SUBSÍDIOS, uma grande parte dos quais para acabarem com as nossas ancestrais fontes de rendimentos, como é o caso da Agricultura e das Pescas. Aqui refiro-me aos subsídios que vimos, porque ninguém fala dos que foram parar e estão em bolsos indevidos. Perante o nosso “consolo” de novos ricos, deixamos de ser exigentes (aí tem razão). Quase até nem custava pagar impostos! Pagar aos senhores era um hábito que vinha da Idade Média. Só que todos os sacos têm fundo, e ninguém nos avisou nem disse que ele se estava a aproximar e que não havia como ressarcir as falhas. Houve que mudar de estratégia. Desmontou-se a Justiça, para que nunca os culpados DOS DESVIOS fossem julgados. E fizeram-se verdadeiras revoluções no ensino porque UM POVO IGNORANTE É MAIS FÁCIL DE DOMESTICAR. Duvido que no próximo mês, QUANDO OS NOVOS ESCALÕES DO IRS NOS VIEREM ESVAZIAR AINDA MAIS OS BOLSOS, o senhor tenha a coragem de dizer  que os portugueses deveriam ser “mais exigentes", "menos complacentes" e "menos piegas”. É que eles são capazes realmente de porem em prática o seu grau de exigência, esgotarem o de complacência e nesse caso vamos ver quem é afinal o piegas desta fita.

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