segunda-feira, 8 de abril de 2013

EU, A POLÍTICA E OS POLÍTICOS EM GERAL - DESABAFO INDEPENDENTE


Num momento tão grave de Portugal, sem dúvida o pior depois do 25.4, em que estamos ameaçados pela bancarrota e a miséria, em que todos nós vivemos temendo o dia-a-dia pelas surpresas que esse quotidiano nos possa trazer; em que se começa a viver abaixo daquilo que tanto se criticou ao denominado Estado Novo, são de espantar as atitudes dos partidos, que se assumem como nossos representantes na pluralidade das nossas opções, e que em vez de fazerem uma tentativa de acordo para porem fim a esta situação, vivem encaixados no seu modo de pensar e atuar e não se apercebem que esse corte, entre todos eles, nos está a conduzir para o abismo. Na sua maioria não lhes reconheço a capacidade de serem nossos representantes porque tudo quando defendem é em função dos seus próprios objetivos partidários e actuam apenas como funcionários do partido que representam. E se formos recordar cada uma das promessas que fizeram nas campanhas eleitorais, é fácil verificar que quando se sentam nas cadeiras da AR da República, a maior parte delas são esquecidas e tudo o que fazem e dizem não passa de uma luta de galinheiro. Daí aquele espectáculo de circo quando há votações e de peixeirada quando há discussões. Isso contraria a própria ideia original do termo Política que era o de Ciência do Governo do Estado. Refiro-me a um tempo em que havia cidadãos, homens sábios e experimentados, que punham o seu saber, experiência e exemplo ao serviço da comunidade onde estavam inseridos. O que temos hoje são, na sua maioria, homens/mulheres que encontraram no serviço aos cidadãos um emprego. Encaixaram-se como jotinhas dentro da estrutura partidária e, como tinham estômago para engolir tudo e palavra fácil e rápida para debater, foram subindo, subindo até que chegaram às cúpulas. Na sua maioria estão perfeitamente a borrifar-se para quem neles votou e para o que prometeram.

Para complicar o sistema, nos nossos dias o senhor de todos os homens é o dinheiro. Um país não é grande pela sua história ou pelos seus cidadãos. É pela quantidade de dinheiro que tem. Por isso os homens se batem por ele. E os políticos em vez de reordenarem o sistema, aderiram a ele e descobriram que a sua posição de "defensores " do povo lhes poderia encher os bolsos. E a corrupção, salvo raras, mas honrosas excepções, passou a ser uma arma dentro da política. Como diz Medina Carreira: “Eles chegam a Lisboa de mala de cartão e partem com uma Louis Vuitton".

Por tudo isto,  este momento preocupa-me muito porque quem o está a gerir não são cidadãos, mas políticos, não são homens sábios, mas oportunistas. Esquecem-se é que ao cairmos eles irão connosco, só que apenas com os bolsos mais confortavelmente recheados. Esta é a imagem que nós portugueses temos de quem nos governa e desgoverna, ou seja dos políticos em geral. É uma classe que, em vez de representar e defender os nossos interesses, se esgadanha pelo êxito dos fins partidários e pessoais o que explica o bate-boca ruidoso e polémica da AR e dos comentadores. Tudo bem espremido não corrresponde à vontade de quem neles votou.

Tudo o que acabo de referir tornou-me profundamente defensora do papel que os cidadãos independentes podem representar na área da política, ou melhor, do interesse dos cidadãos e consequentemente do Estado. Seria bom termos na AR da República um espaço para eles. Melhoraria o debate e, se não os engolissem, purificaria o ar e as ideias porque um independente vive na vida de todos os dias, no nosso meio e não no espaço fechado da sede do partido ou da AR. Sabem quanto pagam de luz e como fazer o seu orçamento familiar. Resumindo, sentem no corpo as dificuldades do quotidiano

Espero que o triste momento que vivemos seja uma boa oportunidade para repensarmos o conceito de Política e e de Governação. Mas, sobretudo, do papel que a honestidade e a formação pessoal correcta, académica ou não, podem ter para TODOS sabermos ser cidadãos de pleno direito.