domingo, 16 de junho de 2013

PERDI A ALMA

Perdi a alma
no chão do meu país.
Nas palavras que se dizem
nas que não se dizem
nas que não querem dizer nada.
No rosto dos velhos
de rugas profundas
na idade e no abandono;
no dos que não podem dar
porque não têm dono;

nos jovens que vagueiam
em busca do futuro
por um caminho estreito
vedado por um muro;
nas mães que choram
embalando os filhos
nos braços vazios de pão para dar;
nos barcos desfeitos
no fundo do mar;
nos campos vazios
em vez de criar;
no cinzento escuro
de um céu antes azul
lembrando harmonia;
num mar que foi verde
sugerindo esperança

nossa riqueza
e nossa alegria;
nos homens errados
que mandam em nós
e que nos traçam a vida 

com ardis na voz
atirando as culpas
para os usos e memórias
da nossa raiz.

Perdi a alma
no chão do meu país.

 GM

segunda-feira, 10 de junho de 2013