sábado, 26 de fevereiro de 2011

RESPOSTA AO MEU EX-ALUNO

É VERDADE

Vou à manifestação exactamente para mostrar que não sou  estúpida. E porque entre outras coisas não me dão opção de escolha, me mentem todos os dias, sei que estou a ser explorada e NÃO GOSTO.


Interessa é estar presente para dizer que não QUERO NADA DO do que se está a passar, do que os nossos filhos e netos vão ter que suportar e sobretudo que odeio todos estes políticos. Eu vivi na ditadura e garanto-te que é bem pior viver nesta democracia que é sobretudo de oligarcas e clientes. Tenho duas filhas divorciadas, licenciadas, mães de 2 universitárias e um aluno do 9ºano, com encargos mensais fixos,  que estão em risco de passar para o desemprego não por culpa delas mas do sistema que estabelece contratos com termo de limite, fecha os olhos às asneiras dos verdadeiros ladrões (boys do sistema) e deixa cair firmas ou aguenta-as em agonia para desespero dos funcionários.
O que estamos a assistir é à morte de um país que já não funciona, onde ninguém do governo fala verdade, a justiça parece a História das Mil e uma Noites tanto tarda a ser feita, os velhos são abandonados e aos novos resta a emigração. Em 1974/75 participei de todas as manifestações, fui ameaçada, estive encerrada uma vez no estádio e outra no Pavilhão das Antas, etc, etc… Fiz dezenas de quilómetros em manifs, com as filhas atrás, para lutar por uma democracia que não é esta, de modo nenhum. Por muito mau que tenha sido o tempo da “outra senhora” o “destes senhores” é bem pior. Por isso compreenderás que para nada me interessa quem é o “chefe” ou organizador. Interessa-me estar lá para mostrar o que não quero. Nem vou para apoiar alguém. Isto não pode meter partidos. Tem que ser uma acção da sociedade civil, de todos quantos pagam e costumam ficar calados. Só vou mesmo dizer o que não gosto e o que não quero.
Dizes-me que


Até és capaz de subscrever o que digo da classe política.

Aos anos da revolução seguiram-se os do deslumbramento do cavaquistão.

Depois os da caridade irresponsável do guterrismo.

Até que nos afundamos no despesismo do regabofe socrático.

A factura mais pesada não será a financeira mas a da lassidão que estes governantes transmitiram o povo.

Mas não subscreves que vivamos pior que antes da revolução.


Tens razão, porque não viveste no tempo dela e só conheces o que lestes, estudaste ou te contaram. Não podes falar do quotidiano de então. Não sei se o gostaria de voltar a viver, mas o que não quero é viver o de Agora. Esta não é a minha concepção de democracia pois ela não existe onde não há igualdade, partilha, mas apenas golpismo e falta de honra e honestidade. Não é uma ditadura política mas de  corrupção, clientalismo, manobras baixas e de falta de respeito pelos cidadãos nos seus direitos mais elementares.
No tempo de Salazar nem todos podiam votar. Nas últimas eleições nem todos puderam votar por uma manobra ardilosamente preparada para provocar uma segunda volta: o conflito dos cartões únicos. Nenhum regime é perfeito. Este supera tudo quanto um cidadão normal imagina pelo negativo. E a culpa não é só da crise de que apenas se servem para se justificarem. Estranhamente, acho que estamos hoje de olhinhos mais fechados do que no 25 de Abril. Os nossos políticos fizeram-nos crer que uma ditadura se derruba mas que uma democracia é intocável. Esqueceram-se que a gente está a perceber que isto não é uma democracia, é uma ditadura de uma classe de corruptos a quem bastou fazer uma ascensão nos partidos começando por “jotinhas” até acabar nas cúpulas, seguindo de perto as atitudes dos mentores ou, na falta dessa formação, de oportunistas que untaram as mãos dos donos deste país.


EU VOU SÓ PARA DIZER BASTA. E TU? ESTÁS ACOMODADO?

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