terça-feira, 15 de junho de 2010

Ó TEMPO VOLTA PARA TRÁS

Não, não estou a recordar tempos da outra senhora nem o fado que tem este título.  Apenas reflicto sobre como, com o tempo, se mudam as vontades e as necessidades. Este governo sucessor de todos quantos viram no cimento a salvação da honra da pátria e que ainda há dias andava numa guerra por causa de uma estrada  A qualquer coisa, IP ou IC ou SCUT bradando ao céu e à terra que sem estas alternativas de circulação o país não se modernizava, e sem a tal de modernização não éramos competitivos, como (nos) entesou acaba  de remodelar os seus conceitos de renovação e desatou a taxá-las todas. Todas em termos de classificação tipológica de rodovia que não em termos de percurso. É que espantosamente há em cada uma delas troços que não se pagam. Isso significa que a partir de agora, se quisermos evitar esses troços, teremos que juntar ao GPS um mapa e um exemplar do  Decreto-Lei n.º 67-A/2010 publicado no Diário da República, I Série de 14 de Junho, que tem as isenções de taxas. Se eu quiser ir do Porto a Vila de Conde sem pagar, saio da IC 28 em Perafita e meto para a antiga Porto-Póvoa, que há anos que não dá para os gastos ou, em alternativa ecológica, vou por Lavra, Labruge, Mindelo saindo para a dita vila em Árvore. Como passeio é lindo. Para trabalhar um inferno. Como o povo português é manso vai pagar e calar. Pelo menos os que têm que se deslocar para trabalhar. Sim porque os carros governamentais não pagam. Deve ser porque transportam quem não trabalha e vai ao corta-fitas ou assinar algum protocolo para português ver porque na semana seguinte já não vale nada.
Como sou optimista (acho que ainda não tenho que pagar nada por isso) vou montar um negócio de turismo denominado "Na trilha das antigas EN". Como se fazia há uns anos, alugo um autocarro, reuno um grupo excursionista que paga antecipadamente a viagem em quotas mensais e organizo umas passeatas pelo Portugal esquecido, tipo "Viseu pelo Vale do Vouga" onde não há troços portajados. Cada um leva o seu  piquenique e com um bocado de sorte compramos por lá as hortaliças, carnes, fumeiros e vinho para a semana a melhor preço do que os dos super e comércio tradicional que vêm pelas estradas pagas. Sempre é uma ajudita para a crise e vamos redescobrir o interior que o governo tem tido o cuidado de desertificar na busca da tal modernização.

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