quinta-feira, 17 de junho de 2010

O IMPOSTO EXTRAORDINÁRIO DE GUERRA DE JUNOT

Em princípios de Dezembro de 1807, com  a família real bem longe, já Junot se encontrava instalado em Lisboa e preparado para legislar sobre tudo quanto pudesse reverter a favor de Napoleão. Um mês depois iniciou-se o despacho de leis que visavam sobretudo o confisco de bens. Entre as várias ordens recebidas do Imperador francês uma assemelha-se nos seus objectivos  ao momento que vivemos. Rezava assim


Art.1º - Lançar-se-á uma contribuição extraordinária de guerra de 40 milhões de cruzados sobre todo o reino de Portugal


Trata-se de um vasto documento que não interessa para aqui reescrever mas que determinava que o imposto fosse partilhado por todos os quadrantes  da sociedade e das actividades portuguesas. Ninguém, pessoas individuais ou colectivas, ficaria  isento do seu pagamento. Sofreu diversas alterações e dificuldades de cobrança. Enquanto particulares pagavam com dinheiro as instituições religiosas foram obrigadas a entregar os seus bens e alfaias . Para dar uma aparência de seriedade era-lhes entregue um recibo dos bens retirados  para que um dia pudessem ser devolvidos. Isso não aconteceu. E creio que ninguém acreditaria que isso fosse acontecer


Quando esta manhã fui ao banco senti o mesmo que os portugueses terão sentido em 1808! REVOLTA! A minha pensão fora amputada dos tais por cento que o nosso governo determinou. O que me irrita nisto é que eu cumpri sempre aquilo que me pediram. Não devo um cêntimo a ninguém. O que ganho agora fui pagando ao longo de 40 anos de trabalho. Não contribuí  em nada para o despesismo irrealista deste e de outros governos que sonharam e sonham com cimento, linhas ferroviárias e aeroportos irrealistas em nome da modernização de um país em que grassa a injustiça e a falta de justiça, as tremendas desigualdades salariais e uma educação que se começa a aproximar do terceiro mundo.


Junot, por ordem de Napoleão, lançou o imposto extraordinário de Guerra. E assim os nossos metais e peças valiosas foram parar aos museus e palácios franceses. Pelo menos sabemos onde parte deles está!

Sócrates,cumprindo sugestões de Bruxelas, lançou o desconto nos ordenados e pensões. Para onde irá parar este nosso dinheiro? Talvez nunca se venha a saber, nem no todo, nem em parte.

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